Vamos de Cultura - Por Trás da Poesia


Solitário (Augusto dos Anjos)




"Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
- Velho caixão a carregar destroços -

Levando apenas na tumbal carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho dos ossos!"

Antigamente eu olhava para as poesias e achava todas confusas. Até hoje eu penso isso as vezes, porém agora algumas coisas eu consigo perceber e isso faz com que tudo tenha sentido. Acha que não? Então me diga, lendo assim, você consegue me falar o que há por trás dessas partes grifadas? Consegue achar um enredo? Sim... Não? Então continue lendo!


O Enredo

A poesia conta a história melancólica de alguém (não podemos afirmar se é homem ou mulher) que vai ao encontro de seu amor mas é rejeitado(a). Podemos falar também que se passa em uma época de frio, isso fica bem explícito na poesia.

O Que Quer Dizer...

"Como um fantasma": Quando ele menciona "fantasma" quer nos dizer que ele já esteve presente na vida da pessoa, saiu e agora volta. Podemos fazer essa associação pelo fato de que um fantasma é alguém que morre e volta para assombrar quem deseja.

"Por trás dos ermos túmulos": De túmulos podemos retirar a idéia de algo enterrado. Com isso podemos deduzir então que "ermos túmulos" pode estar se referindo a problemas, situações, passadas.

"Fazia frio": Na verdade não há algo por trás disso, só uma explicação, vamos dizer assim, do momento em que a história acontece, que é uma época de frio. Provavelmente o enredo foi colocado com esse clima de propósito. Isso porque, nos tempos frios, sentimos uma necessidade maior de estarmos com alguém no sentido amoroso. E a poesia trata disso: De alguém que vai atrás do amor mas é desprezado.

"Não era esse que a carne nos conforta": Mais um trecho onde a questão do frio e do 'querer estar com alguém' aparece. O fato de a carne não confortar mostra que esse frio vai além daquele em que só a pele se gela, um frio mais profundo, onde a solução para  o seu fim seria estar com alguém.

"E o chocalho fatídico dos ossos": Isso nada mais é do que uma forma mais pomposa diferente de falar sobre o tremor que sentimos no frio.

Acha tudo isso desnecessário? Pois acredite que não é. Saber fazer uma interpretação assim é muito válido. Primeiramente que, com isso, você acaba entendendo melhor a poesia (principalmente as que usam associações mais complexas - As associações dessa poesia foram umas das mais fáceis que eu já vi e estudei) e, segundo, porque é de grande ajuda no vestibular. (Pareço professora falando, mas é verdade...)

Não sei se vocês perceberam mas um trecho ficou sem ser explicado...

"O pergaminho singular da pele"

Esse eu acabei não estudando. Você consegue decifrar? Se quiser tentar comece pesquisando sobre o pergaminho, depois possíveis significados para 'singular' em várias aplicações e, após isso, tente juntar e formar uma idéia.

Um comentário:

  1. Poderia me ajudar a fazer uma análise crítica do poema minha estrela de Augusto dos Anjos por favor

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